Pronto, acabou. Resta restos de rosas, de palmas, de velas, vidros
de perfume vagabundo, de espumante barata e um certo gosto de pólvora no mar de
Copacabana.
Resta o beijo que não passou do lábio. Restam promessas que
nunca serão cumpridas. Resta a foto frente estrelas tão efêmeras quanto o
artificial carinho posado.
Mas acabou. No Leblon, minha mesa 65 vai voltar ao
desassossego natural. Por isso, bem-vindo de volta Serginho, conte de novo com
a água e o chope pra te destravar. Bem-vindo, João Moura, sempre lírico ou
combatente por insustentável paixão. Bem-vinda, Vanessa Machado e seus convites
para as baladas de terça-feira. Bem-vindo, Nelson Freitas e sua agitada e bem
humorada retórica. Bem-vindo, Caíque, autor de tudo o que as mulheres não sabem
– muito menos eu – de nós, homens. Bem-vindo, Antônio Pedro, que uma única vez
aportou na 65, depois de compartilharmos, lado a lado, tanto silêncio no balcão
do Esch, enquanto eu sonhava com o “Bar Esperança”. Bem-vinda, minha irmã Ana
Luísa com seus olhos sempre embotados de alegria. Bem-vindo, Totonho Villeroy,
com sua nova, pequenininha e linda Luísa. Bem-vinda, Bel Lobo, a melhor obra já
consolidada do maestro Edu. Bem-vinda, Vanessa Vidigal, poeta do olhar e da
policromia corporal. Bem-vinda, Crica Kloske e todos seus inevitáveis problemas
precipitados nas azeitonas. Bem-vindo, Roberto Cibella, homem de pouca prosa e
muita luz nas retinas. Bem-vindos, Giancarlo e Melissa. Bem-vindos, Ricardo
Machado e Ana. Bem-vindo, meu parceiro de velho continente Rubens Portela. Bem-vindos,
Marcelo e Teresa. Bem-vindo, raro Antônio Parente. Bem-vindos, Alceu, Moraes,
Ceceu. Bem-vindo, Marcinho, amigo que digere em palitos as nossas
desesperanças. Bem-vindo, meu amigo pioneiro e por muitas noites derradeiro companheiro
na 65, Fernando Faraco. Bem-vindos, Ivo e Fátima. Bem-vindo, Chico Recarey, com
sua indefectível e perfumada ironia, senhorio da 65 e de todas as deliciosas
maluquices da Guanabara.
Tomara que todos vocês continuem fazendo suas escalas, ainda
que rápidas, no meu quintal de um metro quadrado.
E claro, não poderia deixar de reafirmar as permanentes boas
vindas a um amigo, um cara que sem ele nada disso existiria, ou no mínimo não
faria sentido. Bem-vindo, Antônio Villar Recarey.
Eu, às vezes com Cristina, às vezes sozinho vou continuar ali.
Torcendo para que o ano novo seja tão especial quanto as melhores noites que
passamos naquela calçada. Mesmo compreendendo que inconvenientes roncos de motocicleta sejam por decepcionantes audiências de televisão.
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